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domingo, 24 de março de 2013

Biografia de Catulo de Paula




Catulo de Paula é autor de grandes sucessos da música nordestina e brasileira (Cowboy do Ceará, Como tem Zé na Paraíba, O pau de arara, peb bop do Ceará etc) foi o músico mais requisitado nas décadas de 1960/70 para compor a trilha sonora dos filmes sobre o cangaço.

Cantor e Compositor
Seu pai era cego desde os seis meses de idade e sustentava a família, composta de mulher e oito filhos (dos quais o Maestro João Brasilino), tocando violino, saxofone e clarineta em festas de São benedito, Inhuçu, Lapa, Graça etc..

Catulo de Paula (Ermenegildo Evangelista de Souza )
Data de Nascimento - 13/08/1923 - São Benedito
Data de Falecimento - 10/12/1984 - Rio de Janeiro

Com oito anos, o pequeno Ermenegildo, começou a tocar violão, ganhando os primeiros trocados para ajudar no sustento da família.
Por volta dos dez anos de idade, passou a fazer parte do grupo Vocalistas Tropicais, com os quais foi fazer uma excursão a Fortaleza.
Acabou saindo do grupo por causa de um dos integrantes e teve que se virar por conta própria para sobreviver, passando a fazer biscates de diversos tipos.
Passou a viajar pelo interior do Nordeste.
Em 1944, foi convidado para fazer parte do grupo "Os Boêmios da Noite". Na mesma época, mudou-se para o Recife, em Pernambuco, onde adotou o “nome artístico de Catulo de Paula”.
Em 1948, resolveu mudar-se para o Rio de Janeiro, a fim de dar continuidade ao seu trabalho artístico. Em 1949, tornou-se acompanhante do cantor Vicente Celestino, com quem trabalhou durante longo tempo tocando violão.
No início dos anos de 1950, ao apresentar-se no clube "Brasil danças", foi assistido por Fernando Lobo que apadrinhou sua primeira gravação. Em 1953, lançou pela gravadora Continental, disco onde interpretava dois baiões, "Vai comendo Raimundo", bordão de Chico Anisio no programa Escolinha do professor Raimundo da Rede Globo, de sua autoria e Armado Régis, e "O pau comeu", de Marçal Araújo.
No mesmo ano, Aldair Soares gravou na Columbia de sua autoria e Jorge de Castro a toada baião "Saudade de Maceió". Destacou-se pelas composições satíricas e cômicas , sendo uma das mais conhecidas, o baião "Bep-bop do Ceará", pela gravadora Continental, em 1955.
No mesmo ano, gravou de sua autoria o coco "Zabumbô, zabumbá". Em 1956, gravou o baião "Rosamélia", de Humberto Teixeira (autor de asa branca). Além dos baiões, gravou sambas e canções, sem nunca ter se fixado num determinado ritmo.
Em 1957, gravou de Zé Dantas o baião "Nós num "have". Em 1961, gravou de Luiz Gonzaga o baião "Na cabana do rei", parceria com Jaime Florence.
Em 1962, gravou aquele que foi seu maior sucesso, o baião "Como tem Zé na Paraíba", parceria com Manezinho Araújo, gravado também com grande sucesso, por Jackson do Pandeiro.
O estilo nordestino de sua música valeu diversos convites de diretores de cinema que nos anos de 1950, exploraram a temática do "Cangaço".
Participou das trilhas sonoras dos filmes "Lampião, o rei do Cangaço", "Entre o amor e o cangaço", "Os três cabras de Lampião", "Nordeste sangrento" e "O filho do cangaceiro". Participou, ainda, de alguns trabalhos para o teatro, tendo participado da trilha sonora das peças "A invasão dos beatos", de Dias Gomes ( que o convidou a fazer o tema de Roque Santeiro) e "A torre em concurso", de Joaquim Manuel de Macedo.
Ainda em 1962, participou como cantor da trilha sonora do filme "Sol sobre lama", de Alex Viany, quando interpretou canções de Vinícius de Moraes e Pixinguinha, inclusive as letras que Vinícius criou para os choros "Mundo melhor" e "Lamentos", dos quais, portanto, ele seria o primeiro intérprete.
Em 1963 lançou pela gravadora Odeon o LP "A simplicidade de Catulo de Paula", no qual interpretou, entre outras, "Lua-lua", "Zé Piedade", "Minha fulô" e "Vida ruim", todas de sua autoria.
Em 1964, participou da peça "Pobre Menina Rica", de Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Em 1970 lançou LP que leva seu nome, interpretando "Canção da tristeza", "Forró do Barnabé", "De Maria só o nome" e "Razão pra não chorar", todas de sua autoria.

"CATULO FEZ A TRILHA SONORA DA PRIMEIRA VERSÃO DE ROQUE SANTEIRO, CENSURADA PELA DITADURA MILITAR"
Nos anos de 1970, foi convidado para interpretar um cego cantador de feira na novela "Roque Santeiro", na TV Globo, tendo ele preparado um ABC, no qual narrava a novela em versos começando cada estrofe com uma letra do alfabeto.
A novela entretanto acabou não indo ao ar pois foi vetada pela censura na época da ditadura militar. Anos depois a novela foi ao ar, desta vez com Arnoud Rodrigues no papel do cego. Em 1976 a gravadora Tapecar lançou o LP "Geremias do Roque Santeiro", que trazia entre outras, "Roque Santeiro", "ABC do Roque Santeiro" e "Alegria dolorida", de sua autoria, além de "Prefiro ficar com Maria", de Paulo Gesta e Luiz de França.
Em 1995, sua composição "Caubói do Ceará" foi gravada pelo cantor brega Falcão no disco "A besteira é a base da sabedoria".

Catulo de Paula - Discografia

• Vai comendo Raimundo / O pau comeu (1953) Continental 78
• Bib-bop do Ceará / Tua carta (1955) Continental 78
• Zabumbô, zabumbá / Ô luá...ô luá.. (1955) Copacabana 78
• Rosamélia / Foi saudade (1956) Copacabana 78
• Nós num "have" / Mambo do Ceará (1957) Odeon 78
• Cawboy do Ceará / Como tem Zé na Paraíba (1962) Orion 78
• A simplicidade de Catulo de Paula (1963) Odeon LP
• Catulo canta no Michel – Odeon LP
• Catulo de Paula (1970) Odeon LP
• Geremias do Roque Santeiro (1976) Tapecar LP

Composições
ABC do Roque Santeiro
Alegria dolorida
Aquela flor (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Balada da noite sem fim (Catulo de Paula / Silva e A C. Souza)
Bip-bop do Ceará (Catulo de Paula / Carlos Galindo)
Brincando de saudade (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Canção da tristeza
Casa de pau, pó e pá
Choveu no Ceará
Como tem Zé na Paraíba (Catulo de Paula / Manezinho Araújo)
Cowboy do Ceará
De Maria só o nome
É a vida... É a vida
Este é meu Rio
Eu sou menor (Catulo de Paula / Francisco Araújo)
Foi saudade
Forró do Barnabé
Forró do Zé João (Catulo de Paula / N. Barros)
Hás de lembrar (Catulo de Paula / Washington Fernandes)
Já vou
Lua-lua
Mambo do Ceará (Catulo de Paula / Roberto Silveira)
Maria Bonita
Meu tempo é nunca mais
Minha fulô
Na cabana do rei (Catulo de Paula / Jaime Florence)
O glosador
Ô Luá... ô luá...
Olhos tristes
Os olhos da cabocla
Por onde eu vou (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Que o diabo mandou (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Razão pra não chorar
Roque Santeiro
Saudade de Maceió (Catulo de Paula / Jorge de Castro)
Seu dureza (Catulo de Paula / Manezinho Araújo)
Sodade traiçoeira
Tempo de esperar (Catulo de Paula / A de Azevedo e J. Paiva)
Tenho pena da noite (Catulo de Paula / Marino Pinto)
Toada do bumbo (Catulo de Paula / Hermenegildo Francisco)
Tua carta (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Um pequeno nada (Catulo de Paula / Antônio Carlos de Souza e Silva)
Vai comendo Raimundo (Catulo de Paula / Amado Régis)
Vamos cantar (Catulo de Paula / Gabriel Pessanha)
Varinha de condão (Catulo de Paula / Fernando Lopes)
Vida ruim
Zabumbô, zabumbá
Zé da Paraíba (Catulo de Paula / M. Araújo)
Zé Piedade 
FILMES DE CANGAÇO COM TRILHA SONORA DE CATULO DE PAULA
Lampião, o rei do Cangaço
Meu nome é Lampião
Entre o amor e o cangaço
Os três cabras de Lampião
Nordeste sangrento
O filho do cangaceiro 
(PARTICIPOU DE FILMES, FORA DO TEMA CANGAÇO)
Meu Pé de Laranja Lima (1970)
Na Onda do Iê Iê Iê (Na Onda do Iê, Iê, Iê) (1966)

CURIOSIDADE SOBRE CATULO DE PAULA
'Mourão', de César Guerra-Peixe

O motivo melódico da peça 'Mourão' foi pela criado pelo maestro Guerra-Peixe no Recife, em 1951, para servir como música de fundo num programa radiofônico que contava as estórias de Lampião e seus cangaceiros.
Alguns anos mais tarde, residindo em São Paulo, Guerra-Peixe regravou o tema em um disco LP da Copacabana, intitulado Festa de ritmos, adaptando ao tema alguns versos e chamou a música 'De viola e Rabeca', interpretada por Catulo de Paula, um cantor do Ceará que vivia em São Paulo. Com a criação do Movimento Musical Armorial, o teatrólogo Ariano Suassuna, conhecendo a peça 'De viola e Rabeca', solicitou a Guerra-Peixe autorização para que Clóvis Pereira transformasse a música gravada por Catulo de Paula em uma peça para a orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco.

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